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Fonte: https://thiagonvieira.jusbrasil.com.br/ | Por Thiago Noronha Vieira
Uma boa gestão de contratos passa em mapear quais são os principais clientescapazes de lhe contratar e ter modelos pré-fabricados para cada um deles. Dessaforma, você vai ter menos trabalho e mais especificidade.
O empreendedor brasileiro acaba, no começo do seu negócio, sendo um verdadeiro super-homem (ou mulher maravilha, no caso das empreendedoras). Isso se deve, principalmente, porque no começo do negócio o empreendedor acaba acumulando funções e realizando tarefas em todas as pontas do negócio. Em resumo: ele está preso ao operacional.
Recentemente estava assistindo um vídeo (clica aqui!) do Thiago Nigro (conhecido popularmente como Primo Rico) onde ele dava quatro passos para escalar o negócio. Uma das dicas tem a ver com a delegação de determinadas atividades, ou seja, tornar-se um executivo ao invés do operacional.
Essa é uma tarefa árdua ao empreendedor nascente por diversos fatores. Sejam as necessidades pessoais, a impossibilidade de aumento de custos, o medo inerente ao negócio ou mesmo o excesso de concentração das tarefas.
Entenda seu negócio
O primeiro grande passo para uma boa gestão de contratos é compreender o seu negócio. Por exemplo, você comercializa produtos ou serviços? Esses produtos são de uso recorrente? O serviço tem obrigação de resultado ou de meio? Enfim, é preciso ter clareza qual é o objeto do seu empreendimento. Ter essa clareza elimina uma série de dúvidas na hora da gestão do contrato.
O segundo passo é estabelecer algumas premissas do seu negócio. Em 2017, lancei um artigo aqui no JusBrasil com o seguinte título: Canvas contratual: ou porque o “modelão de internet” nem sempre resolve (você pode ler o artigo clicando também!). Neste artigo eu trago alguns conceitos importantes para a base de qualquer gestão contratual, principalmente com relação as obrigações.
Contrato é, em essência, um documento oriundo de um acordo de vontades que estabelece direitos e deveres entre as partes. Por exemplo:
Vamos supor que Joãozinho tenha um perfil de fotografia para eventos como casamentos, etc.. Certamente ele vai ser procurado por pessoas para fechar coberturas fotográficas. É importante que ele tenha já mapeado quais são os riscos, os direitos e as obrigações que ele e quem o contrata deve ter.
Sendo um casamento, há a necessidade de fotos clássicas como a bolo, lançamento do buquê, igreja, etc.. Se for uma formatura, tem a foto da entrega do canudo, jogando o barrete para cima. Ou seja, se Joãozinho começa a pensar em quem é seu cliente e qual o problema que ele resolve e, principalmente, de que forma ele resolve... bam! Você tem um contrato!
Assim, uma boa gestão de contratos passa em mapear quais são os principais clientes capazes de lhe contratar e ter modelos pré-fabricados para cada um deles. Dessa forma, você vai ter menos trabalho e mais especificidade. No mesmo exemplo já citado, do nosso fotógrafo, um casamento ele vai ter como contratante um casal, enquanto que para a formatura vai ter uma pluralidade de formandos. Isso impacta em uma série de cláusulas como forma de recebimento, inadimplência, multas, etc.
Em contratos, menos é mais
Até pelo conceito de Canvas contratual, defendo que contratos empresariais devem ser simples. Perceba, eu disse simples e não simplórios. Há uma diferença fundamental. Quero dizer que os contratos devem ser enxutos, claros e precisos. É preciso estabelecer direitos e obrigações paritários. Sabe como normalmente busco fazer isso? Abro um tópico-cláusula com obrigações de uma parte e da outra e tento fazer em números semelhantes.
Exemplo: Se a parte Contratante tem três direitos, deverá ter três obrigações e vice-versa. Dessa forma, deixamos mais claros a bilateralidade que é princípio contratual básico. Obviamente, nem sempre isso será possível, mas quanto mais equivalente estiver um contato, mais as partes se sentirão confortáveis em fazê-lo.
Outra coisa importantíssima! Se o contrato tem mais do que três páginas, certamente você causará um péssimo impacto a quem quer te contratar. Contratos extensos assim são, normalmente, contratos de adesão (onde uma das partes não tem o direito de modificar suas cláusulas, porque ele já vem pronto) e bancários. E, ‘cá entre nós, ninguém gosta de contratos longos. Passa a impressão de que está se escondendo algo e querendo vencer pelo cansaço. E, no seu negócio, certamente você não quer passar essa impressão!
O pulo do gato: contratos eletrônicos
Notadamente, muitos negócios hoje estão sendo realizados através da internet. As redes sociais já são uma realidade. E, com a possibilidade de negociar, vender, comprar, trocar, compartilhar e outros verbos, com qualquer pessoa ao redor do globo contratos físicos estão sendo deixados para trás. Imagine, você a um clique conseguir fechar um contrato sem precisar sequer encontrar a outra parte, imprimir o contrato, levar uma caneta, etc.
Desde a Medida Provisória (MP) 2.200-2/2001 o Brasil passou a disciplinar sobre a assinatura eletrônica (Atenção: se você não sabe o que é uma assinatura eletrônica ou a está confundindo com a assinatura digital, recomendo fortemente que leia este artigo aqui). Existem uma infinidade de plataformas que permitem a criação, importação, assinatura e gestão de documentos com assinatura eletrônica e que possuem validade jurídica. E é importante destacar que a assinatura ou o reconhecimento de firma é algo que, paulatinamente, está caindo em desuso frente o dinamismo das relações negociais.
Ou seja, mesmo sendo pequeno hoje, se seu negócio já passa a implementar rotinas de automação e gestão de documentos e dados eletrônicos certamente ele estará apto a escalar de forma mais rápida e, melhor, com baixo custo!